Como se escreve: MAIS VALIA ou MAIS-VALIA?


Língua Portuguesa: perguntas e respostas! – Ant P
4 de fev de 2017 17:43


A propósito da designação do Projeto Mais Valia, da Fundação Calouste Gulbenkian (que se constituiu recentemente em Associação "Ser Mais Valia"), de cuja bolsa de voluntários faço parte, perguntaram-me se a grafia não deveria ser "Ser Mais-Valia".
A resposta seria sim, seguindo as regras mais comuns da língua, mas também é não, atendendo às disposições especiais que os normativos da língua também estabelecem.

São possíveis as duas grafias, mas os sentidos são bem diferentes.
1. MAIS VALIA
Expressão composta por advérbio (MAIS) e por uma forma verbal do verbo valer (VALIA). Significa "era melhor".
"Mais valia estares calado!"
2. MAIS-VALIA
É um nome (substantivo na antiga terminologia) que significa "benefício, vantagem".
"Estares calado seria uma mais-valia para todos!"

NO ENTANTO:
O AO90, tal como o AO45, contém uma cláusula de salvaguarda, na BASE XXI, que estabelece que "pode manter-se a grafia original de quaisquer firmas comerciais, nomes de sociedades, marcas e títulos que estejam inscritos em registo público."
Ou seja, a norma ortográfica concede liberdade às instituições para adotarem o nome que entenderem. O mesmo acontece com os nomes de pessoas, apenas subordinados às limitações impostas pelo Registo Civil. Daí que convivam pacificamente grafias "fora de uso" com outras mais atualizadas: Luís e Luiz, Queirós e Queiroz, Athaide e Ataíde, Morais e Moraes, etc.

CONCLUSÃO:
A associação "Ser Mais Valia
(sem hífen, embora pudesse tê-lo)
é, garantidamente,
uma mais-valia!
(sempre com hífen)

Para saber sobre esta associação, é só entrar em http://sermaisvalia.org.
Lá, encontrará uma radiografia detalhada da instituição e, logo no início, um vídeo de apresentação com testemunhos de voluntários e imagens de algumas das múltiplas missões já realizadas em Angola, Moçambique, Guiné-Bissau, Cabo Verde e São Tomé e Ilha do Príncipe. Estou lá com os meus alunos em São Tomé (março/abril de 2014) e na Guiné-Bissau (agosto/setembro de 2016).

Abraço.
ProfAntónio

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