TIPOS DE DISCURSO (3a PARTE)


via Byline

Olá, Pessoal!

Espero que todos vocês estejam sempre bem e, mais ainda, como gosto sempre de afirmar, pelo Bem! rs

Finalizando, ao menos por enquanto, a série sobre tipos de discurso, este artigo trata do discurso indireto livre e mostra a resolução de um item de prova da Fundação Getúlio Vargas sobre a transposição do discurso direto para o discurso indireto.

Discurso Indireto Livre

            O discurso indireto livre é um discurso misto que combina características do discurso direto e do discurso indireto. Nele, a fala do personagem é discretamente inserida no discurso do narrador, possibilitando a esse revelar aspectos psicológicos do personagem, uma vez que esse tipo de discurso tem a capacidade de revelar o fluxo do pensamento do personagem por meio de uma fala permeada por hesitações. No discurso indireto livre, a fala do personagem não é indicada por verbo de elocução ou por sinais de pontuação.

Analisemos o trecho a seguir:

            "Como nas noites precedentes, uma fila de agricultores se formou na porta de uma padaria e o padeiro saiu a informar que não havia pão. Por quê? Onde estava o pão? O padeiro respondeu que não havia farinha. Onde então estava ela? Os agricultores invadiram a padaria e levaram o estoque de roscas e biscoitos, a manteiga e o chocolate." (Garcia de Paiva. Os agricultores arrancam paralelepípedos.)

No fragmento acima, narra-se um diálogo entre um grupo de agricultores e um padeiro sem que seja empregada a estrutura típica dos diálogos. As falas concernentes ao padeiro são exemplos de discurso indireto: "O padeiro saiu a informar que não havia pão" e "O padeiro respondeu que não havia farinha".

Por seu turno, para reportar a fala dos agricultores ("Por quê? Onde estava o pão?"), é utilizada uma estrutura que funde os dois tipos de discurso já estudados. Perceba, inicialmente, o modo como esses enunciados são construídos: apresentam-se na forma de perguntas, bem próximos, por conseguinte, do discurso direto.

Entretanto, o verbo estar aparece no passado, marca característica do discurso indireto, de um fato já ocorrido que está sendo reportado. São suprimidos também os recursos que evidenciam que o personagem está falando. Essa espécie de discurso, no qual se consorciam narrador e personagem, é definido como discurso indireto livre.

            Ainda que o conhecimento do discurso indireto livre não seja, ao menos por enquanto, exigido com frequência em concursos, é bom - levando em consideração a inserção cada vez maior de textos literários em certames desse tipo - começar a entender o funcionamento dele, pois tal recurso é característico de textos dessa natureza. Por isso, a percepção de tal expediente linguístico é bastante importante para a compreensão de certos trechos.

Por ora, faremos a abordagem de aspecto que é recorrente, nas provas da FGV, sobre os tipos de discurso: a transposição do discurso direto para o discurso indireto. Para isso, analisaremos a questão 17 da Prova do Senado (cargo Técnico Legislativo - 2012). Prova, inclusive, da qual já tiramos outras questões comentadas em artigos anteriores.

Como não conseguimos inserir a imagem neste artigo, reproduziremos a fala do peixe que está dentro d'água e diante de um anzol com uma minhoca, tomado por um velho questionamento: "Comer ou não comer, eis a questão."

QUADRO 1 - Não existem minhocas aquáticas.

QUADRO 2 - Logo alguém colocou essa minhoca aí.

QUADRO 3 - Logo essa minhoca está aí por algum motivo.

QUADRO 4 - Logo essa minhoca está muito apetitosa.

QUADRO 5 - Em algum ponto minha lógica se perdeu. (aparece o peixe fisgado, por não ter resistido e devorado a minhoca, fora d'água e pendurado pela linha de pesca).

            O enunciado da questão que nos interessa é este:

Assinale a alternativa que realizou corretamente a transposição das falas do segundo e terceiros quadrinhos do discurso direto para o discurso indireto.

(A) O peixe afirmou que alguém havia colocado aquela minhoca lá e que ela estava lá por algum motivo.

(B) O peixe afirmou que alguém colocara aquela minhoca lá e que ela estaria lá por algum motivo.

(C) O peixe afirmou que alguém houvera colocado aquela minhoca lá e que ela estava lá por algum motivo.

(D) O peixe afirmou que alguém tinha colocado aquela minhoca lá e que ela esta lá por algum motivo.

(E) O peixe afirmou que alguém teria colocado aquela minhoca lá e que ela estaria lá por algum motivo.

Para responder, sem estresse, a essa questão, basta conferir a tabela de conversão publicada em nosso último artigo. Seguindo as instruções contidas nela, são identificados com clareza quais elementos textuais devem passar por transformação para que os enunciados sejam convertidos do discurso direto para o discurso indireto.

O sujeito "falante" é um peixe (olha a prosopopeia aí, gente!). Assim, ao reportar a fala, é preciso deixar claro quem a emite. Como é necessário um verbo de elocução, escolheu-se "afirmar", que vai para o passado já que se refere a algo dito antes.

No discurso direto, o verbo colocar está no pretérito perfeito (colocou). Sendo assim, no discurso indireto, ele tem de ir para o pretérito mais-que-perfeito, simples (colocara) ou composto (tinha colocado).

O pronome demonstrativo "essa" presente na terceira sequência da tira (que no quadrinho está indicando distanciamento em relação a quem fala) dá lugar ao pronome "aquela" (o qual indica afastamento tanto em relação a quem emitiu o discurso original quanto em relação a quem o está reportando).

O advérbio de lugar "aí", indicador de certa distância em relação ao falante, cede a vez para o seu congênere "lá", o qual sinaliza o afastamento de quem reporta o discurso alheio no tocante ao espaço onde ocorreu o fato da reportagem.

O verbo estar, na terceira pessoa do singular do presente do indicativo, vai para o pretérito imperfeito (estava).

Feitas essas transformações, encontra-se como resposta adequada para a questão a sentença "O peixe afirmou que alguém havia colocado aquela minhoca lá e que ela estava lá por algum motivo". Alternativa "A".

É isso aí, pessoal! Um forte abraço e um ótimo estudo a todos!

Prof. Marcelo Bernardo

Prof. Jamesson Marcelino

marcelobernardo@euvoupassar.com.br

facebook.com/profmarcelobernardo.mb

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