Fonética articulatória, acústica e auditiva


Fonética articulatória, acústica e auditiva – qual a diferença?
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A fonética é o campo da gramática que, segundo o professor Napoleão Mendes de Almeida, estuda os vários sons ou fonemas linguísticos.

Ela se divide em três áreas: articulatória, acústica e auditiva. Neste artigo, você vai entender cada uma delas. Vamos lá!

1) Fonética articulatória

Esse ramo da fonética estuda como os sons são produzidos no aparelho fonador (veja imagem abaixo):

A imagem mostra um aparelho fonador do corpo humano.

Antes de avançarmos com as explicações, é importante diferenciar dois conceitos: voz e fala.

Segundo, Izabel Seara, Vanessa Nunes e Cristiane Lazzarotto-Volcão, a voz pode ser definida como o som produzido a partir da vibração das pregas vocais. Já a fala é o resultado da articulação desse som.

Dito isso, vale destacar que esse segmento busca avaliar as propriedades articulatórias, que, segundo Markus Dicknson, Chris Brew e Detmar Meurers, são três:

a) Lugar de articulação

Refere-se ao local da boca em que o som é emitido.

Por exemplo, quando falamos "tatu", nossa língua fica em local diferente do que quando dizemos "cortar". Perceba que no primeiro caso, com o som de [t], sua língua encosta atrás dos dentre superiores.

Já no caso do som de [k] que vem da letra "c", sua língua encosta atrás dos seus dentes inferiores.

Essa variação é que caracteriza o lugar de articulação

b) Modo de articulação

Há sons que são produzidos mais ou menos no mesmo local do boca, mas, mesmo assim, produzem resultados diferentes. Isso ocorre por causa do modo de articulação.

Por exemplo, as palavras "mesa" e "sopa" têm o som de [s], mas a forma como interrompemos a passagem do ar no momento da enunciação faz com que esse som seja diferente em cada um dos vocábulos.

Em "mesa", há uma interrupção da passagem do ar, o que não ocorre em "sopa".

c) Sonorização (voicing)

A sonorização ou voicing está relacionada com a vibração das cordas vocais.

Por exemplo, quando dizemos "rato", o som da letra "r" faz as cordas vocais vibrarem. Já em "mato", isso não ocorre. Você pode fazer o teste colocando a mão na sua garganta enquanto pronuncia as duas palavras.

2) Fonética acústica

Esse ramo da fonética estuda os aspectos físicos dos sons da fala. Ele avalia as ondas sonoras. Ele nos permite "ver" os sons.

Esse campo tem como foco as propriedades acústicas que, segundo Thaís Cristófaro-Silva e Hani Camile Yehia, são:

a) Amplitude

De acordo com Dicknson, Brew e Meurers, trata-se da quantidade de energia que um som possui. Normalmente, isso é medido em decibéis.

b) Duração

É tempo pelo qual um som é emitido. Essa propriedade é medida em milisegundos.

c) Frequência fundamental

A frequência, segundo Dicknson, Brew e Meurers, refere-se a quão rápido as ondas sonoras se repetem. Isso é medido em Hertz.

Os autores explicam que a fala é composta de várias frequências diferentes, todas produzidas de uma só vez em decorrência da reverberação do aparelho fonador.

Dentro desse conjunto de frequências, há uma chamada frequência fundamental, também conhecida como afinação (pitch).

Trata-se da frequência mais baixa e a mais forte componente da série. Ela é responsável pela percepção da altura de um som, enquanto que as demais frequências participam da composição da forma de onda do som.

d) Conteúdo espectral

O espectro sonoro é o conjunto de todas as ondas que compõem os sons audíveis e não audíveis pelo ser humano.

Cada onda sonora tem seu conteúdo espectral, que é medido por meio de um gráfico chamado espectrograma. Veja um exemplo abaixo:

A imagem mostra um espectrograma.
Imagem do site ResearchGate.

Campos de aplicação

Cristófaro-Silva e Yehia enumeram alguns campos em que a fonética acústica pode ser utilizada:

  • Síntese de voz (conversão de texto para fala);
  • Reconhecimento de voz (conversão de fala para texto);
  • Compreensão da fala (determinação do significado da elocução);
  • Reconhecimento/identificação de locutor;
  • Codificação de voz a baixas taxas (compressão);
  • Análise de disfonias (patologias da laringe).

3) Fonética auditiva

Esse segmento também é chamado de fonética perceptual. Ele estuda de que forma um som é percebido e interpretado pelo receptor de uma onda sonora.

Em outras palavras, esse campo da fonética avalia como o ouvinte recebe e decodifica uma mensagem. Isso é feito normalmente por meio de testes de percepção de fala.

Processamento de linguagem natural

O estudo da fonética ganhou força nos últimos anos, principalmente no campo que pesquisa o processamento de linguagem natural (PLN).

Trata-se de uma subárea da Inteligência Artificial que busca fazer com que computadores sejam capazes de entender e replicar a linguagem humana.

Por meio das propriedades fonéticas, é possível codificar a língua falada para que as máquinas a entendam através de uma linguagem binária.

Esse processo é utilizado, por exemplo, nas buscas por voz que podemos fazer no Google ou em assistentes virtuais como Alexa da Amazon, Siri da Apple e Cortana da Microsoft.

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